terça-feira, 18 de novembro de 2014

Conclusão: - HISTÓRIA DA LUTA DOS TRABALHADORES NO BRASIL


Conclusão:

 Exploração e exclusão, primeiramente com o indígena e depois com o negro, constituem a gênese da formação social brasileira, cuja essência se mantém em relação aos imigrantes europeus que viriam a substituir os escravos nas fazendas e nas cidades, pois, mesmo em regime de assalariamento, persistiam as relações de semi-servidão, prática a que estavam acostumados os antigos proprietários de escravos, avessos a qualquer forma de regulamentação da jornada condições de trabalho e remuneração.

As relações de trabalho no Brasil, seja na economia agro-exportadora, seja na indústria, vai reproduzir e reafirmar essa raiz firmada no mando-obediência, alimentando a tradição cultural dominante, onde direitos não se consolidam. A construção da cidadania democrática e republicana como elementos fundamentais do processo de desenvolvimento econômico, político e social do país, demora a se completar.

No século XX registramos mais continuidades que rupturas com o passado colonial e escravocrata, mesmo com toda resistência e lutas sociais de índios, negros e imigrantes, tanto de forma organizada, com ações diretas de enfrentamento ao conservadorismo quanto no cotidiano das relações sociais.

Como diz Marilena Chauí, essa resistência tem uma dimensão objetiva e outra subjetiva, através de “um conjunto de práticas, representações e formas de consciência que possuem lógica própria (o jogo interno do conformismo, do inconformismo e da resistência), distinguindo-se da cultura dominante exatamente por essa lógica de práticas, representações e formas de consciência.” (Chauí, 1986, p. 25)

Mas, essa herança colonial ainda não foi extirpada das relações sociais, incluindo nelas as relações de trabalho. Vale lembrar que até poucos anos atrás muitas empresas, da construção civil às multinacionais de automóveis, usavam o termo FEITOR para se referir a um trabalhador designado para comandar e controlar o trabalho dos demais, os peões. Dá para imaginar o tipo de relações de trabalho praticadas nesse ambiente, onde o negro e os não escolarizados não se vêem nos postos de comando e decisão.

É importante lembrar que o mito da democracia racial começa a ruir somente após a conquista de políticas afirmativas, como o reconhecimento e denuncia da gritante diferença social entre negros e brancos, mesmo depois de 120 anos da assinatura da Lei Áurea.  A distância que separa a população negra do acesso à educação renda e bens culturais tende a diminuir com a aprovação do estatuto da igualdade racial, da política de cota nas universidades, do acesso a terra e da visibilidade e reconhecimento da história e da cultura negra.

Até então, as desigualdades sócio-econômicas foram naturalizadas pelas elites e seus ideólogos. Na ideologia da igualdade racial, as diferenças sociais são explicadas pelos atributos naturais de cada indivíduo ou do esforço de uns e acomodação de outros. Um discurso que não faz menção aos mais de 300 anos de escravidão e exclusão.

No discurso conservador o que prevalece é o que está na Lei, e na Lei somos todos iguais, com os mesmo direitos, portanto, a diferença entre seres humanos sempre existiu e sempre existirá. É natural que seja assim, certo?

Dê sua resposta. É mesmo natural que seja assim?


O que mais aparece como “natural” nesse discurso das elites que te causa desconfiança?

Nenhum comentário:

Postar um comentário